quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Meu Sonho - Álvares de Azevedo

Disseram-me que a minha poesia (Cavaleiro Errante), fazia lembrar esta. Realmente, faz lembrar pois faz menção a um cavaleiro, no entanto esta é uma busca pelo eu, e a minha tem a ver com uma busca pelo seu lugar. Mas, realmente, conexas tacitamente pelo inconsciente coletivo (pois não conhecia essa poesia) . Mas que bom que conheci, pois é linda, e vale a pena a leitura:

Meu Sonho


Eu
Cavaleiro das armas escuras,
Onde vais pelas trevas impuras
Com a espada ensangüentada na mão?
Por que brilham seus olhos ardentes
E gemidos nos lábios frementes
Vertem fogo do teu coração?

Cavaleiro, quem és? O remorso?
Do corcel te debruças no dorso...
E galopas do vale através...
Oh! Da estrada acordando poeiras
Não escutas gritar as caveiras
E morder-te o fantasma nos pés?

Onde vais pelas trevas impuras,
Cavaleiro das armas escuras,
Macilento qual morto na tumba?...
Tu escutas... Na longa montanha
Um tropel teu galope acompanha?
E um clamor de vingança retumba?

Cavaleiro, quem és?- que mistério,
Quem te força da morte no império
Pela noite assombrada a vagar?

O Fantasma
Sou o sonho da tua esperança,
Tua febre que nunca descansa,
O delírio que te há de matar!...


Álvares de Azevedo

Nenhum comentário: